SAPATOS VELHOS
Sapatos velhos sujos de poeira
Trazidos todo dia ao pé da cama
Juntam-se ao par de botas de uma dama
De couro e enfeite sem sujeira.
Têm pedras os sapatos e a lameira
Das ruas nos dois pés deixa em chama
Os calos, mas quem calça não reclama
Se à noite unem-se ao par da companheira.
É um quadro ao pé da cama desenhado
Os pares de calçados no bordado
Do tapete a imitar dos dois a vida.
Ao pé da cama sonham com revoltos
Tempos em que os pés tocavam soltos
Outros mantendo a colcha entretida.