CALENDÁRIO REAL

Quem conta a vida em meses ou em dias

Limita a existência ao calendário.

É uma folhinha rota no diário

A registrar um rol de agonias.

Quem vive datas cobra autorias

De obras em que ele é tributário

De catecismo onde um vigário

Toca o rosário assim de hipocrisias

A vida a dividir-se em capítulo

De dias, meses cabe em um título

“Antes da morte todo sonho é vão”.

Histórias boas são as que se vive

Sem datas e sem título e se convive

Em credo além de pura ficção.