SONETO DO PASSADO

Alguém que mora em mim de vez em quando

Sem ter convite vem me visitar

E vira e mexe tudo o quanto há

Sob o passado que venho evitando.

Como em casa limpa, nela ando

Em equilíbrio sob um puro ar,

Mas queira ou não, não posso evitar

O indesejável vir me visitando.

Quem mora em mim são muitos e são tantos

Os sentimentos que trazem aos prantos

Ou em alegres risos ao presente.

Meus inquilinos vestem minha pele

Expulso uns, mas não fujo daquele

Outro que a si convida novamente.