VELHICE
Eu já não sou feito moço.
Já vivi tanto janeiro
Que, às vezes, penso herdeiro
Ser da arca um bicho insosso.
Porém, se pouco, hoje, posso,
Perdi o andar altaneiro
E a luz do olho é sombreiro,
Na paz, a mente adoço.
E por maior que me atice
Quebranto e dor, a velhice
Torna-me, sempre, melhor.
Meu coração, tão usado,
Toca meu corpo cansado
Em direção ao amor.