INSÔNIA

O amanhã se torna bem distante,

Quando o relógio teima ao minuto

E ao segundo dar o atroz luto

De esperar resposta de amante.

No tempo de uma noite extenuante,

Cheia do tiquetaque irresoluto,

Perdura a eternidade e absoluto

O sofrimento orbita o sono errante.

Quem for de resistir a tal tortura,

Ainda, há de sofrer a dor mais dura

De escutar a amada em voz ringente,

A declarar o sim que tanto espera

E que em não, tão logo, se altera,

Em meio ao desdenhar do que não sente.