Fogem sombras sob os céus radiantes
Cantam sabiás num pomar alaranjado
Saudades de ti, hoje, maior do que antes
Desatinos de um coração descompassado.
Da tua boca úmida de carmim e cereja
Das mãos que percorrem a pele nua
Atiçando o fogo antes que eu prove, veja
Toda a delícia da tua carne crua...
Quem dera no tempo uma única fenda
Que propiciasse a junção dos corpos
Ansiosos pelo toque de veludo e renda!
Por enquanto sombras cobrem o universo
Sob cânticos de pássaros melancólicos
Enquanto a saudade povoa o verso.