SAUDADE
A minha alma veste a saudade
Um número maior que visto eu
E a sobra do molde ao corpo deu
Pesar maior do que é a realidade.
Usei a veste triste por vaidade,
Até que o coração convalesceu
E então eu vi que o tempo escureceu
O branco linho até da amizade.
Como quem vai pedir de porta em porta
E na penúria pouco se importa
Com trajes por querer matar a fome,
Eu ando nu por este mundo vão,
Vagando sem as roupas da ilusão,
Mas sem lograr a alma que em mim some.