O BOTÃO E A ROSA
O botão à espera de ser rosa
Nos espinhos do caule se abriga
E de arrogante flor ouve a intriga:
- Não sairás igual a mim, garbosa!
O galho lhe conforta com a prosa:
- Mantem-te na espera sem fadiga;
Da paciência faz melhor amiga,
Do espinho esquece a chaga dolorosa.
Não dês ouvido a quem nesse rosal,
Só vive de ilusão e na surdina
Destila sobre os outros o seu mal.
Já vi outras assim em pura inveja.
Se nelas a beleza se declina,
Em tua juventude mais viceja.