Soneto para hoje e Amanhã

De ti, sob a atmosfera de tua guarda,
a envolver-nos além do que aparente,
eu aguardo, radiante, abandonada,
que venhas derramar-te, lentamente.
 
Que, gota a gota, a mim sintonizada,
o tempo do meu pulso se reinvente,
para que eu seja em tua voz silenciada
e em teu silêncio eu ria, docemente.
 
E o que me lavas, leva o que roía,
enquanto deixa o sal das estações
que hão de ser primavera à chuva fria.
 
Do que me encharcas, asas e porões,
e me fecundas, ao peito assobia,
fazendo flor por muitas gerações.