LÁGRIMA
Aos olhos apareço de surpresa,
Em meio ao remorso ou à alegria.
E nos instantes maus ou de euforia,
O júbilo revelo, ou a tristeza.
Vez há em que no jugo da beleza,
Sou água doce, sem antipatia,
Mas noutra, sob os travos da agonia,
Salgo o doce cheia de braveza.
Não nasço em chuva, orvalho ou fonte d’água,
E o sol que me produz raia em mágoa
Ou no gáudio que o ânimo aflorou.
Sou gota, mas afogo como o mar
Os olhos de quem vai se apaziguar
No afago da alma que eu dou.