Enormes são as noites de privações tuas
Numa lamúria que me açoita o peito
Mofa-me a atmosfera_ ar rarefeito
Sufoco-me de saudades penosas, cruas...
Se viestes à mim na sombra madrugal
Afagando-me a face em carícias ternas
Libertaria-me da penitência_ todo o mal
Livrando minh'alma das dores eternas.
Mas não vens, e a noite avança malidicente
Os dedos no teclado buscando a poesia
Que preencha a lacuna do teu ser ausente.
Lá fora o vento urge alto, disforme e atroz!
Pia a coruja, indiferente à minha nostalgia
Cá dentro grita tu, sufocando-me a voz.