Esvaem-se as horas na penumbra do tempo
Cansam-se as labutas por hojes banais
Num arrastar de mesmices ao vento
Fenece o poema para o tédio, e nada mais.
E já não há os amores fecundos de beijo
Onde o toque morno era o acalanto na boca
Hoje falecem na ponta dos dedos o desejo
De uma vida laboriosa, fria e louca.
Correntes se arrastam em plena luz do dia
Carreiam-se os pés pela casa à fora_ enfado
Dói a musculatura do corpo em apatia.
E ainda cobram na minha face sorrisos...
Como alegrar-se ante o fastio amargurado
De momentos ausentes de flor ou juízo?!
Anna Corvo
(Heterônimo de Elisa Salles)