ALMA
Não é em mim a alma uma fazenda
De casa grande cheia de cristais
Onde a senzala, ao fundo, plante em ais
Vidas custando ao dono o quanto renda.
É um descampado imenso em que se prenda
Sem cercanias gente que em reais
Sonhos cultive ao sol campos gerais
E colha os frutos sem ter reprimenda.
Toda riqueza é vista sem licença
E cada um do deus que quer tem bença
Para viver alegre e sem rancor.
Quem serve à casa humilde e é dela escravo,
Sou eu que aos férteis campos, se as mãos cravo,
Mais enriqueço a terra de amor.