SONHO
Os dois grisalhos, rindo e exaustos
A descansarem num campo de feno,
Vejo a nós em tempo já pequeno,
Sorvendo o amor real em cheios haustos.
Se não tiver a vida os mesmos faustos
De outrora, que importa! No sereno
De uma noite fria ou a sol pleno,
As dores não serão mais holocaustos.
Teremos nosso cão por companhia
E uma rosa nova a cada dia
Será de teu sorriso a irmã.
E nossas mãos cobertas com a terra
Convidarão os pássaros da serra
Para acordar nos dois toda manhã.