MUITAS ALMAS EM NINGUÉM
Com muitas almas dou-me ao convivo
E em reações já muitas revelei,
Mas eu confesso não vi ou encontrei
Aquela que à vida dá motivo.
De cada sonho intenso do qual privo,
Alerta ou a dormir nunca sonhei
Por essa alma e assim nada eu sei,
Do que sonhei, e em sonho então não vivo.
De tanto ser plural, cheio de alma,
Não gozo um momento em pura calma
E nunca sei, ao certo, quem eu sou.
E não sendo eu quem sente o que sinto,
E não saber quem sente, eu não minto
De sem sentir, até falar de amor.
Publicado no E-book "Muitas Almas em Ninguém" coletânea de sonetos de forma clássica com versos construídos com dez silabas poéticas com tonicidade incidindo sobre a quarta, sexta e décima silabas, com quatorze versos agrupados em dois quartetos e dois tercetos. A forma antiga presentes na obra, se por um lado resgata o classicismo camoniano, por outro, repagina a espécie, mediante textos claros e temas contemporâneos a resvalarem, às vezes, no humor e no drama.
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