LIVRO DE CABECEIRA
Hoje sou livro velho empoeirado
Em um lugar perdido da estante,
Já lido e gasto, mas que em não distante
Tempo era o eleito e muito folheado.
E cada verso nele registrado
Ganhava o toque leve e expectante
Da musa e sob o colo soluçante
Um poema inteiro era encharcado.
E a emoção tirada do escrito
Enregelava a alma e pelo dito,
Durante o dia era a companheira.
Hoje sou livro velho, mas a escrita
Da folha seca é a mesma que foi dita,
Quando pousava em tua cabeceira.