PORTA DA SOLIDÃO
A porta bate... E a mão que toca a porta
Na adormecida e fria madrugada
Será a de quem prepara uma cilada
Ou a de alguém que minha alma transporta?
Será que a luz de uma estrela morta
Ao despertar a pálpebra cansada,
Dá forma a um pouco ou quase nada
De quem também a espera não suporta?
Deixo entrar o vulto ainda oculto
Que no portal parado é o tumulto
Do coração que treme e se assombra?
Deixada aberta, a porta bate e a vinda
De quem espero não se deu, ainda,
E a solidão é quem constrói a sombra.