FELICIDADE
Dá uma preguiça doida ser feliz:
Ter asas, mas querer voar pra trás,
E desfazer o tempo como faz
A borboleta feita em chão de giz.
E um trabalho louco, infeliz:
Ter asas, não poder ir por um zás
Aonde se quer ir, por incapaz,
Como besouro em roda à raiz.
Das borboletas, asas são os flocos
De nuvens ralas indo-se em blocos
Filtrar o sol e risos dar aos ventos.
E as dos besouros são iguais ao peso
De raios que agindo em contrapeso
Impedem voos até em pensamentos.