SAUDADE
Embevecido pelo camafeu
Da tarde, o sol com tintas encarnadas
Pintava sobre as nuvens desfraldadas
Tela que o gênio humano não viveu.
Num céu de mar sorrindo ao mar de céu
Sob o suave manto de esmeraldas
Ardia um rir de mãos entremeadas
Às mãos do riso igual ao riso meu.
E o sol riscava, ainda, a rubra pele
Do rosto onde o riso impresso nele
Tinha o fulgor do teu riso de estrela.
Ao despertar do sonho, a realidade
Vi desmanchar os traços da saudade
De um tempo onde fomos aquarela.