VIDA MORTA
Será a vida um sonho e acordei,
Sem mais lembrar o enredo deste sonho?
Será que vivo a morte onde me ponho,
Por não viver sequer o que sonhei?
Não lembro os rumos por onde andei,
Mas pelo corpo incólume suponho
No itinerário tosco e enfadonho,
Tão ordinário dei-me à voz da lei.
Pelo cansaço fui, talvez, sozinho,
Sem encontrar por todo o caminho
Alguém que desse o afago mais singelo.
Na existência morta despertada
De um sonho em vão do qual não lembro nada,
Será a vida mero pesadelo?