SOLIDÃO
Aonde vá, estou acompanhado
De quem não nega nunca a companhia
Em cada hora seja noite ou dia
A tenho sempre presa a meu lado.
Estando em canto triste, amofinado,
Ou em tumulto grande de alegria
Passo ou danço como antes fazia
Com certo amor, perdido no passado.
Ela comigo lê meu breviário
A remoer-se do árido sacrário
De quem viveu na vida a sequidão.
Só quem se faz presente à saudade
Que enclausura o velho e que invade
O outono da alma é a amiga solidão.