CARRO VELHO
Meu coração tem válvula vencida
E de teimoso bate em meu peito,
Como um motor já velho e sem jeito,
Por revisão há muito esquecida.
E anda a perna tanto ressequida
Quanto o pneu que não roda direito
E os olhos são faróis que o defeito
Torna qualquer imagem distorcida.
Em solavancos, ainda, me desloco
Com os sinais vitais mesmo sem foco,
Mas sem qualquer vontade de parar.
Sei que embora usado é possível,
Tendo no amor um raro combustível,
Chegar aonde o sonho me levar.