A Dor - II
A dor que me martela corpo é fria,
Fria como a flechada da saudade,
Ao mesmo tempo corta, rasga e arde,
Arde, fazendo em choro o que antes ria
O demônio tem sua confraria,
Confraria de forno de maldade,
Fundindo hastas, venábulos e fraude,
Ferindo o coração de arritmia.
A dor vem a qualquer hora ou momento,
O que faz aumentar o sofrimento,
Fazendo o corpo adusto esmaecer.
Surge com a idade, de repente,
Não tem como escapar, tudo é urgente,
Tanto lhe faz ficar mudo ou gemer.
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Agradeço a interação oportuna e de muito bom gosto do amigo Jota Garcia.
Em Defesa da Dor
Seria esta sensação cruel,
De todo ruim e desnecessária?
Será que há opinião contrária
Que venha defender o seu papel?
Muito se tem falado sobre a dor,
Quando nos fere o corpo ou a alma,
Na forma da dor física do trauma,
Ou quando da perda de um amor.
Digo, porém, que a dor é imprescindivél,
Sem ela viver seria impossível,
Expostos ao perigo de acidentes.
Com nossos órgãos e pele dormentes,
Seríamos qual zumbis, mortos vivos,
Será que nos bastam estes motivos?