VELHO VULCÃO
Quantas mil vezes, fraco e entristecido,
Sem uma palavra tua que o conforte,
Meu pobre coração, sem um gemido,
Tem se mostrado ser alegre e forte.
Outras mil vezes, beirando a morte,
Por duras punhaladas tuas, ferido,
Procura e não acha nenhum sentido
Que ânimo lhe dê ante a negra sorte.
E é assim que, trêmulo, a morrer de frio,
Tem suportado, mudo, o sombrio
Desprezo teu em que tem padecido.
Mas é só ouvir de ti duas palavras
Para outra vez ele explodir em lavas
Como um velho vulcão adormecido!