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Apaixonei-me por poesia ainda criança. Mal sabia pronunciar algumas palavras, mas já me encantava quando o meu pai me colocava no colo e, como se me quisesse pregar um susto, dizia-me com cara de espanto e apontando para o vago: “Tá vendo aquela lagoa, naquela baixa acolá? Vai, espia a cara da tua cara lá no fundo a te espiá!” Depois, com feição contrariada: “Mas eu não gosto desse tal vim-vim, pois nada de bom o meu peito sente, quando ele vem cantar no meu jardim.” Outras vezes, como se pressentindo os maremotos que esse seu pobre filho ainda tivesse de enfrentar pela vida afora, ele me alertava: “Deixa-te disso, criança, deixa-te disso, sossega. Olha que a vida é um oceano, por onde o acaso navega” E a musicalidade daqueles versos, de autores até então ainda ininteligíveis e desconhecidos para mim, ia entrando e encantando a minha alma. E assim nasceu esta paixão.

Com o passar do tempo e homem já feito, adquiri uma paixão ainda maior pelo SONETO, poema composto por dois quartetos e dois tercetos. Sei dezenas deles de cor. Ainda hoje, sempre que vou ao Piauí, costumamos ficar horas a fio, meu pai e eu, recitando versos pela noite adentro. Ele não me coloca mais no colo, mas a minha emoção sem dúvida nenhuma ainda é a mesma de quando eu era criança.

Há anos que desenvolvo um trabalho de pesquisa em livrarias, bibliotecas e, mais atualmente, na internet, onde garimpo sonetos que me encantem a alma, sem nenhuma preocupação que o autor seja conhecido ou não do grande público. Tenho obtido surpresas agradabilíssimas! Chego a sentir uma dor na alma só em pensar quantas pérolas raras não se encontram perdidas por este país imenso, onde pouco ou nenhum valor se dá à arte literária. Tenho catalogados mais de mil sonetos de imensurável beleza.

Devo confessar, porém, que, fora o meu querido pai, nunca mais achei alguém com quem eu pudesse ficar muito à vontade para falar de poesia. É tanto verdade que, embora escreva versos desde a pré-adolescência, raras foram as vezes em que os tornei do conhecimento público.

Com o advento da internet, porém, vejo que a realidade não é bem assim. A julgar pelos inúmeros sites de poesia existentes hoje na rede, há, sim, milhares de pessoas como eu, que a apreciam e necessitam dela para sobreviver. Foi aí então que tomei coragem e resolvi ter também o meu próprio site, onde possa expor as minhas humildes "Ilusões Poéticas".

Rogo a Deus para que este trabalho, como a semente da parábola, caia um dia por acaso em terreno fértil e se multiplique, fazendo nascer por esse país novos Pe. Antônio Tomaz, novos J. G. de Araújo Jorge, novos Da Costa e Silva, novos Nogueira Tapety. Com certeza seremos um país muito mais sensível, mais humano, mais justo e mais belo.