Luzes íntimas de dois encéfalos
Entrem somente os dois na hora do eclipse
pela porta e janelas um do outro c’ a alma,
toldo das quatro pálpebras na hora cúmplice
que todos querem ver, que a todos acalma;
escuridão hemorrágica de uma dor oculta
quando se esconde a luz do macho na fêmea
como se a soberba fizesse a sua mea
culpa, quando ao saber não importa a forma culta
no universo espelho onde só há silhuetas
que param carrosséis, rodas de bicicletas,
como se os faróis fossem só os olhares
e os homens por instantes meras estatuetas
quando se encantam mesmo os ascetas
com seus olhos platônicos e glaciares.