A FALTA QUE A FALTA FAZ

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Religiosamente admiravamos a paisagem
Todos dias a mesma hora, no lugar preferido
As cadeiras hoje são pr'a mim, só miragem
Não vejo naquilo mais nenhum sentido

Meu velho amigo, doce marido, parceiro
Forte, lindo, dono de um coração tão bondoso
A quem me entreguei um dia, por inteiro 
Uma doença cruel o levou, mal fatal,  tinhoso

O ano passou, o nosso lugar ainda me espera
Já não consigo ver a beleza diante do meus olhos
Em meu peito reina a dor, que há muito se empodera

As cadeiras solitárias testemunhas são
Da minha  falta de vontade de viver
O Universo e tudo à volta é um só borrão
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 20/04/2018
Código do texto: T6314450
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