A esperança é a última que morre
Era uma vez a vez que não chegava nunca
e muito expectativa havia por chegada
logo! E a espera já era uma espelunca;
pior, entre o sol da tarde e a madrugada,
a esperança toda já era a desculpa,
chegava a atrapalhar muito o raciocínio,
mas a fé não o deixava sentir a culpa
embora não pagasse mais o condomínio;
fé foi diminuindo, estava abatido,
com coração partido foi abandonado,
era como se fosse ter que ir à nado
ao outro lado da rua que era um oceano,
então viu que chegava o final do ano,
pegou último dinheiro, jogou na loteria.
O dever amoroso
Se não for para criar ou realizar algo
toda paixão é autoengano, esconderijo
dalgum secreto mal! Que a quem dirijo
só causa insegurança e joelho valgo
de tremer perna tanto é o nervosismo;
é só na atividade laboral do homem
que paixão chega a ser inconformismo,
no mais paixão são males que se somem
até que o homem suma e definhe.
Paixão não é amor é impotência
porque empana o amor com violenta
ação cotidiana que o definhe,
sentir amor, pensar com mais profundidade
é o que salva alguém dessa infelicidade.
Nightmare
Chuva que sobe do mar agitado mar
desde a rombuda maré montante,
mar de mil pérolas de sal mar, mar;
sob o navio e sua quilha avante
que nunca deixa uma trilha, destino
itinerante do marujo! Teu bojo
em maremoto houve em sonho trino,
quando não houve nem destreza ou arrojo
só havia medo, horror, pânico, dor,
terror e êxtase, e a inércia em vão
de onda forte, destruidora e atroz;
em maremoto cheio de medo e temor
do tempo atual de inação em ação,
não quis estar jamais em mar sem voz.