As vezes os demônios precisam virar estrofes
Monstros no papel. Feios. Frios. Peçonhentos
Por certo não serão belos poemas. Disformes...
Mas o poeta amaldiçoado sentirá acalento.
Como úlceras necrosadas. Tragam-nas à sangria!
Desta forma, talvez, encontrar-se-a a cura...
E se há um bálsamo que remedia é a poesia
Traz da escuridão a luz... Ao impuro, a alvura.
Que o poeta verseje na estrada mais tenebrosa
Que cumpra nos versos sua sina. Flor ou Corvo
Talvez no esterco, enfim, florescerá a rosa...
Não digam dos seus brados mórbidos: Vilania
O íntimo do poeta é estrada que ninguém pisa
Deixe-o cantar o seu mal.. Louca, negra poesia.
Anna Corvo
Heterônimo de Elisa Salles
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