Eis que ele retorna, negro das terras distantes...
Dos lugares que ninguém sabe, ouço o seu grasnar
Pousa hoje no meu umbral como assentara antes
Bica minha carne viva_ Sou lamento e pesar!
Onde foi dormitar o amor da minha juventude?
Onde se encontra a ternura da vida anunciada?
Só ouço o grasnir medonho que meu sonho ilude
Nas brumas da noite, a loucura chega, velada...
E bate suas asas de sudário sobre o meu verso
Numa morte que beija a face mas não perdura
Sangria intermitente do pulso. Obscuro universo!
E quem poderá suportar a minha lamentação e ais
senão o corvo, bicho feio, companhia certeira...?
Deixa-o!_ Pois que de mim não se ausenta jamais!
Anna Corvo
( Heterônimo de Elisa Salles)