CANSAÇO
Não me falem das horas já malbaratadas,
ou de sonhos nascidos sem rumo e sem norte.
Sequer digam das fêmeas servis, desgarradas...
Não me contem de amores mendigos, sem sorte.
Basta n’alma a esperança com asas quebradas
e um cansaço... Deus meu, dá-me alento e suporte.
Ou me conta o caminho das pedras ninadas
pelo beijo singelo e sereno da morte.
Desisti, me exauri, me acabei... Miserere!
Dá-me um voo ao distante, onde a dor não impere,
onde a humana loucura eu não encontre mais.
Quero a paz das crianças que não sentem fome...
Quero um porto onde a fé não trucide em Teu nome...
Onde o mal e o egoísmo não vençam, jamais!
(in Sonetos em Dor Maior)