UM VERSO...
Um tempo ainda perdido no passado,
quando buscou um amor que eu já não tinha,
entoa, agora, opaca ladainha,
pranteando o chão que nunca foi trilhado.
Um sonho, que sonhou... Sem ser sonhado...
Mas sonha, quando a noite se avizinha.
Por que há uma ilusão, assim, tão minha,
que teima, seu desejo anule o fado?
E a rua, que não tem curva ou esquinas,
deserta das cirandas das meninas,
caminha, a procurar uma esperança.
Um verso? É a solidão em devaneio,
é o tempo, a rua, o sonho que não veio...
Sou eu... E esta minh’alma de criança!
Patricia Neme
(in Sonetos em Dor Maior)