SONETOS DE ANNA
Pousa o corvo nas roupas dos varais de Anna
Pobre moça que não encontra paz na vida
Se nem mesmo o sol a dor medonha afana
A noite é mortal, e o bicho bica a ferida
Acaso haverá paz para ela nesse mundo?
Um dia rirá os risos brancos da felicidade?
Cavaram para ela um abismo tão profundo
Que nunca vê a luz à lumiar sobre a cidade.
Por ventura seus pecados são mais profanos
que não encontra redenção na penitencia
Quiçá em outra era sedeu aos gostos mundanos.
De que outra forma elucidar a presença da ave
que permeia sem descanso medeia sua existência
Como sobre o umbral fica o corvo. Solene e grave.
Anna Corvo
(Heterônimo de Elisa Salles)