Os sonhos findados

Tenho que minha morte é sonho inacabado,

desistido antes do fim, no altar abandonado.

Funeral em andamento, velório iniciado,

coroas postas, lápide pronta,túmulo reservado.

Meu corpo é cadáver em total desespero,

anseia em seu fim, por manter-se inteiro.

É cápsula vazia, iguaria sem tempero,

a inércia a alimentar germes no viveiro.

Germes sonham?

Comem e vivem

da nossa morte.

Eles nos sondam.

Os sonhos resistem

à espreita da sorte.