SAUDADE
A saudade o que é? O que propõe?
Por que é que em dor tanto me corrói?
Que prazer sente ela, que destrói,
que aniquila e ninguém se recompõe?
No momento que passa ela constrói
um acesso de angústia, ainda impõe
ao momento seguinte, que repõe
mais momentos de dor que me remói.
A saudade me é qual um coliseu:
furta sonhos; transmuta-me em breu,
despe a alma, com açoite, expõe a derme!
Quanto mais luto, em vão, sofro, me oprimo!
A saudade me vence... Ela é um limo?
Nem sei mais o que sou... Talvez um verme!
SAUDADE
Entendo que não há retorno ao passado
Portanto, vivendo meu presente então sigo
Porquanto este se comporta tal um amigo
Bastante feliz, por ter sido mencionado.
As vezes, é necessário deixar de lado
Um apego exagerado ao fato antigo
Então, atribuir valor ao engraçado
Pois que se mais leve estiver, melhor eu sigo.
Certa memória, tão normal no ser humano
Vem daquelas coisas que nos deram prazer
E fácil esquecer o erro e o desengano.
Por outro lado, a saudade não se explica
Pois é impossível vetá-la de nascer
E como evita-la, falta-nos qualquer dica.
Interação de JAIR LOPES
Saudade sem fim...
Tua lembrança aflora...vem, me enlaça
nessas noites escuras e vazias,
enquanto a chuva lá fora, tão fria,
escreve teu nome na vidraça...
Imensa é a solidão que me abraça,
meu pobre coração em plena agonia,
nessa madrugada de nostalgia
se parte, em lembranças se estilhaça...
Olho para a cama, os lençóis de cetim,
testemunhas da nossa sintonia
na dança do amor em ardente estopim...
E no plangor dessa saudade sem fim
de dor, desilusão e melancolia,
o pranto retido rompe, deságua em mim...
Ania