GREVE DE FOME

Minha saudade não tem nome, a chamo

De sobremesa, para o meu jantar.

Não sento mais à mesa sem lembrar,

Nem como mais sem recordar que amo.

Tanto me faz se tenho ou não comido,

Se bebo ou não, se eu me satisfaço...

Meu alimento mora num abraço,

Não é de pão que quero ser servido!

Toda esta carne que cuspo e digiro

Não chega nem aos pés do que prefiro

Nem me dá beijos quando está na boca.

E se eu perder-te, em obra do destino,

Pode roer-se estômago, intestino,

Que hei de morrer com essa saudade louca!

Jackson Viana
Enviado por Jackson Viana em 22/06/2017
Código do texto: T6034006
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