GREVE DE FOME
Minha saudade não tem nome, a chamo
De sobremesa, para o meu jantar.
Não sento mais à mesa sem lembrar,
Nem como mais sem recordar que amo.
Tanto me faz se tenho ou não comido,
Se bebo ou não, se eu me satisfaço...
Meu alimento mora num abraço,
Não é de pão que quero ser servido!
Toda esta carne que cuspo e digiro
Não chega nem aos pés do que prefiro
Nem me dá beijos quando está na boca.
E se eu perder-te, em obra do destino,
Pode roer-se estômago, intestino,
Que hei de morrer com essa saudade louca!