Não chores, não

Vamos, querida, enxuga esse teu pranto...
Não chores, não, querida, esta agonia...
Ela viria, fatalmente, um dia,
aqui, ali ou em qualquer recanto.

Sublime é morrer em teu regaço,
em meio aos teus carinhos e desvelos,
sentindo as tuas mãos em meus cabelos,
na extrema unção, no derradeiro abraço...

Chorar devias se no mar distante
me debatesse, exausto e agonizante,
em meio à solidão que lá existe...

Ou se perdido, além, na mata virgem,
faminto e presa de voraz vertigem,
morrer viesse, solitário e triste...

Campinas (SP), abril de 1961.
Antonio Lycério Pompeo de Barros
Enviado por Antonio Lycério Pompeo de Barros em 16/05/2017
Reeditado em 17/05/2017
Código do texto: T6000894
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