Não chores, não
Vamos, querida, enxuga esse teu pranto...
Não chores, não, querida, esta agonia...
Ela viria, fatalmente, um dia,
aqui, ali ou em qualquer recanto.
Sublime é morrer em teu regaço,
em meio aos teus carinhos e desvelos,
sentindo as tuas mãos em meus cabelos,
na extrema unção, no derradeiro abraço...
Chorar devias se no mar distante
me debatesse, exausto e agonizante,
em meio à solidão que lá existe...
Ou se perdido, além, na mata virgem,
faminto e presa de voraz vertigem,
morrer viesse, solitário e triste...
Campinas (SP), abril de 1961.