ESCARNECENDO DE MIM MESMO
Não me conheço mais. Engordei sem fastio.
Aliás, para ser sincero, este não sou eu.
E defronte do meu espelho um soberbo navio
Mal se sustém no mar do quarto que era meu.
Que fizeram comigo, cambada de psiquiatras?
Era suposto a depressão ser um analgésico.
Não! Vi-me rodeado de loucos e de Pederastas.
Que drogas inoculei? Mais pareço paraplégico.
Quem me tira daqui? Ouço ao longe exclamar.
Até que eu era belo. Ou pelo menos não feio.
Escuto das moças que passam, para reclamar.
Se para alguma coisa ainda sirvo – subjacente
Ou no cimo, tomando tento do nervoso freio –,
Que o diga agora ou se cale para todo sempre.
Jorge Humberto
05/08/07