Ausentes
Existe em minha vida dor algente.
Daquelas que cortando, pica e arde,
Sem se incomodar, sendo cedo ou tarde,
Para essa dor, doer é sempre urgente.
Dores desta minha alma impenitente,
Que não anda, não gera e é cobarde,
Ainda assim propaga com alarde,
Qualquer seu atributo inconsequente.
Em meu sangue há o azedume do zinabre,
Confrangendo-me a artéria que não abre,
Com a dilatação do sol poente.
É a dor dos que foram sem ter vindo.
Dos que não existiram, existindo,
De quem vivendo aqui foi sempre ausente.
Aracaju Sergipe, 30/ 01/ 2017