Após o perdão
Quando após perdão não há ressentimento
e há olhos nus do ódio, despidos de ira,
a mágoa se escoa na derradeira
Lua da vã melancolia e o vento
sopra um pé de vento, em dança de alegria
que abre um caminho sem rasgar estrada
da que foi besta em vida e desastrada,
ou mula sem cabeça que a noite rugia,
mas dessa besta fera que ainda sente ódio
é que surge a ação sem parafuso ou rosca,
que faz alma sentir-se ignóbil e tosca;
vingança irrealizável pela intenção
subjetiva e torpe onde não há perdão,
que consiga sangrar ódio que amor ofusca.