OUTONO
Da névoa do limite tracejado
Goteja a água densa da incerteza,
Na imagem desfaz-se a realeza
Do quando, por que e como ser amado.
Sem isenção, questão, passo pesado,
Nos céus escuros cala a leveza,
Não mastiga a terra a aspereza
Do adormecido solo ressecado.
Porëm a vida e o verbo reverberam,
Compondo os sonhos em linha sinuosa,
Em fartos aromas desenham e esperam
Ter a fruta mais doce e perigosa
Crescida nos pomares que festejam
O outono em sua cor tão orgulhosa!