A Alma e a Rosa
“...E a quem te adora, ó surda e silenciosa,
e cega e bela e interminável rosa,
que em tempo e aroma e verso te transmutas!...”
Cecília Meireles, Segundo Motivo da Rosa.
Aquela rosa, sem cor, emurchecida,
que no livro de Cecília tu guardaste,
há muito que perdeu o tom da vida,
desde que a inspiração abandonaste.
A minha alma, sem cor, envelhecida,
que ao ermo do mundo tu relegaste,
há muito que anda triste e combalida,
desde que nossa poesia tu levaste.
Foi-se o tempo, com ele foram-se os dias,
foram-se os anos e todas as quimeras,
e jamais a alma encontrou a rosa...
Aquela rosa, que dorme junto à poesia,
nada quer, nada roga e nada espera,
diferente desta minh’alma teimosa...
Outono de 2016
Alzx© Manhuaçu, MG, 21 maio/2016