A flor da perdição - ao tom de Baudelaire
Nem pedra, sárdio, jaspe, ou dotes de esmeraldas
são entretons da aurora, ao qual o céu se esfume.
É torpe e intimidante o olhar que em vão desfraldas
às pétalas do mal, sem cor e sem perfume.
Boêmio, flâneur, dandy, em máscaras respaldas
o inferno protetor do bardo em vil ciúme.
Há flor apavorada e o orvalho põe grinaldas
na fronte triste ao léu, que o vento faz queixume.
Amor ou desamor - trafegas lusco-fusco,
do tédio à insensatez... Luxúria e tez serpente
arrostam cada verso em tom alexandrino.
Poema, prosa ou conto - em tudo quanto busco,
há vozes abissais... Satã se faz presente
no canto assustador que vaga sem destino.
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Rio de Janeiro, 4 de novembro de 2016 – 22h33