Bagaços extemporâneos

Luzes entre bagaços largados ao sol
em pátio de engenho de cana de açúcar,
avô que teve filho com a mameluca
com quem gerou a mancha de sangue em lençol;

o Seu Sebastião preto velho foi escravo
e nos anos sessenta fez noventa anos,
seu café era água com açúcar mascavo
e em medo do Saci tremia sob os panos

da sua roupa surrada ao acender cachimbo,
e o avo considerava-o seu melhor colono,
de nada reclamava como se em limbo

tivesse evitado viver abandono
igual aos que ousaram terem ido embora

no justíssimo intento de viver sem dono.
Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 05/10/2016
Código do texto: T5782722
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