TEXTO
De novo o soneto vem assim bem ligeiro
De olhos bem claros e vivos sobre mim
De corpo e espírito, forte e inteiro
De braços abertos e asas como serafim!
Dobrável e flexível, serpenteando no ar,
Sustentável e visível, ondulando o cantar
Quebrável, mas crível, mergulhado no mar,
Inimaginável, mas tangível, buscando o criar!
Assim, eu, poeta, entre a angústia e a razão,
Escrevo, reescrevo, às vezes sim, às vezes não,
Apago, tela em branco, aparente e triste fim...
Todavia, ao reescrever a reescrita, o pleonasmo
A viciada poesia ganha corpo e eu, num espasmo,
vejo, depois do processo, o verso, o texto, enfim!