Porto

Pensei que não se aportasse na cidade

Por falta de amarras ou de molhe

Às vezes o preconceito que nos tolhe

Também nos turva a vista e a vontade

Afinal, há molhe e amarras; E há mais:

Há um cais que se estende; Porto sem fim!...

Do tamanho dos remorsos que há em mim

Porque todos os remorsos são iguais

Um dia hei-de chorar... chorar contigo...

(Ainda que inundemos a Ribeira)

À proa dum rabelo sem abrigo,

de coração partido e alma inteira

Eis um desígnio mais, e que eu persigo,

Até aportar no cais à tua beira.

Joana

--------------------//----------------------------

É mesmo uma honra, quando, por força de rara generosidade, vemos gente em ponto grande, como é o caso do poeta fcunha lima, dignar-se interagir connosco!..

É assim o médico poeta que inventou o estetoscópio para sonetos

------------------------//----------------------------------

ao seguir o teu mote sfich , poeta maior.

PORTO INSEGURO

No teu porto, pensando ser seguro,

Joguei a âncora, me fixei demais.

Preso as amarras firmes em teus corais,

Ultrapassei pilastras e os muros.

Por ser a noite ancorei no escuro,

Os cantos que escutei foram meus ais.

Falsas juras de não voltar jamais.

Eram tuas promessas de um futuro.

Crente e ainda bem mais inseguro.

Tuas falsas verdades eu censuro.

Solto as cordoalhas e vou atrás

Levando o meu amor que era puro.

Em novas ventanias me aventuro.

Na triste busca por um novo cais.

fernando cunha lima
Enviado por sfich em 25/08/2016
Reeditado em 31/07/2018
Código do texto: T5739205
Classificação de conteúdo: seguro