Notívaga ferida
Noturna caçadora - em plenilúnio intenso,
cavalgo na quimera, a crina é o pensamento.
Telúrica visão de punho em arco tenso,
transpasso em flecha a dor que aninha o sofrimento.
Noturna caçadora - ardor de fogo imenso,
sou peito entrecortado, um beijo sem talento.
A lama da tristeza afoga sem consenso
e gera descuidada um riso virulento.
Sou pélago profundo e a maldição que empluma,
o lábio sem perfume e a cor do rosto esfume -
vivência pastoril, sem paz ou flor nenhuma.
Saudade é farpa atroz e avanço em pranto e bruma,
ao louco som da morte em seu cruel queixume –
sou trôpego final da fé que não se apruma!
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Rio de Janeiro, 10 de agosto de 2016 – 7h21