ENGANO

Por quem te cri... Me desguardei, abri meu peito,

me desnudei ao teu desejo, em verso e prosa.

Rompi amarras, desfiz leis, abri meu leito

para acolher-te em cetim, renda e flor de rosa.

Por quem tu és... Fiz do silêncio meu preceito,

morreu-me a rima, compungida, desditosa...

Joguei ao léu os sonhos de um amor perfeito,

guardei quem sou, fugi da vida, pesarosa.

Por quem te cri... Por quem tu és... Como entender

a senda errante onde andarilha teu viver,

que tens o inferno em teu olhar de querubim?

Que trazes n’alma um desamor tão inclemente...

Que fez morrer dentro de mim o sol nascente

e macerou o sonho que eu sonhei pra mim?

(in Sonetos em Dor Maior)

Patricia Neme
Enviado por Patricia Neme em 03/07/2016
Reeditado em 03/07/2016
Código do texto: T5686423
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.