NO BAILADO DAS ERAS
O cantar dos teus olhos me oferta o infinito,
onde os sonhos centelham minh'alma gitana;
teu sorriso é prenúncio do amor em seu rito
de perder-se, encontrar-se... E explodir em nirvana.
Teu perfume me envolve em desejo irrestrito,
em paixão que, nem sei, se sagrada ou profana.
Se nos dias do tempo, maktub, veio escrito,
és meu sol e eu, luar, que tua noite engalana?
Dentro em mim, és a vida, o pulsar do universo,
és a fonte onde sorvo a razão do meu verso...
Quem és tu, quem sou eu, no bailado das eras?
Almas gêmeas geradas no ventre divino?
Peregrinos do amor, uma senda, um destino?
Ou, quiçá,simplesmente, perdidas quimeras?
(in SONETOS EM DOR MAIOR)